segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lembra quando me abraçou, e prometeu que nunca iria me abandonar? Lembra quando juramos um para o outro que o nosso amor seria eterno? Lembra de todos os beijos, todos os olhares, de todos os sorrisos mais sinceros que só você conseguia arrancar de mim? Pronto, são esses detalhes que ainda vivem dentro de mim e que a cada minuto me fazem lembrar o quanto de amor eu trago no peito, e esse amor que eu dedico a você, somente a você. Pode agora não lembrar mais, mais saiba que eu lembro, e lembro com um imenso sorriso no rosto, porque sei que você foi quem mudou a minha vida! Não importa se hoje não sentes, ou finge que não sentes mais, só saiba que no meu coração e no meu pensamento você sempre vai estar.
 Desculpa não ser tão doce. Desculpa se às vezes falo sem pensar, se digo alguma coisas de forma grosseira, se ajo feito criança, mimada e estúpida, se sou cabeça dura a ponto de inventar o-meu-mundo com as-minhas-leis. Desculpa se às vezes sou neurótica, se o meu lado crítico é bem forte e se tenho ciúmes das coisas que fazem parte do meu mundo.
E tem gente que ainda pergunta se está tudo bem, se está acontecendo alguma coisa.. Não gente, não aconteceu nada. Essa sou eu! A errante, a estranha.







"Não acabe com o que não cabe dentro de ti. Divide comigo, porque eu suporto nessa metade de coração que o peito porta, sem peso de senti-lo. Aguento o que você chama de fardo, aquilo que eu chamo de ardor. Cega meus olhos e abre meu coração. Faz com que isso se torne belo, se torne nosso. Me faz um pouco minha. Porque tua, eu já sou demais, você sabe, não sabe?"


Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.
Caio Fernando Abreu

"Ele nunca soube se eu voltaria: chegava sempre alvoroçada, com pressa pra consumar o amor. Quando me demorava no abraço, ele fazia eternidades daquele instante. Envolvia-me com zelo temendo qualquer movimento que o afastasse, qualquer menção de buscar a roupa espalhada. Ele o fazia cheio de delicadeza, não havia como me prender por mais que algumas horas. Buscava um brilho do meu olhar em sua direção, uma entrelinha num sorriso breve, uma malícia qualquer na piscada de olho antes da ida para o banho. Esperava meu convite, mas eu o tinha com tanta abundância que achava que não o queria. Era como se nunca fosse se ausentar porque se doava inteiro e sem pressa. Um dia ele chegou antes da hora do meu desejo cru. E ficou contemplando a minha ausência. Não me abraçou como sempre, esperou que eu me aproximasse. Disponível que estava, mas seguro da sua parte feita, esperou que eu me assustasse, que entendesse que eu poderia não voltar se eu não quisesse, que ele saberia conjugar a minha ida no pra sempre. Com alguma dor, naturalmente. Mas estava sereno, quase se despedindo, conformado. e eu me sobressaltei. Porque nunca tinha imaginado que ele pudesse ir embora. Nunca tinha imaginado a ausência do toque dele, a falta do beijo, a serenidade que cabia no desejo. Eu esperava alguma coisa mais aflita, uma paixão que gritasse pra eu ficar, um desespero, os argumentos. Mas não, ele me contemplou sem falas, sem pedidos, deixou que todo aquele tempo fosse preenchido por grossas gotas de silêncio e calma. Naquela hora, naquele meu sorriso sem jeito, naquele olhar cheio de frases, um brilho, um brilho tão forte abraçou todo ele com as minhas retinas. E eu o vi como nunca tinha visto antes. Eu o quis como se nunca o tivesse tido entre as minhas pernas. E abandonei o meu corpo no abraço dele, eternizada... Ele, que sempre esteve ali, era como se tivesse chegado só naquele instante."